quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Fotos do parto

últimos dias de barrigão!

 Cris Balzano conferindo coraçãozinho do baby...nada como estar na minha cama...
 Nào importa se tá frio ou calor, eu suava muiiito...





Recebendo meu maior presente!

 ensaindo as mamadas... agora ele já craque! e muito leite pra alimentar seus 4 kilos!

Começando maratona de contrações
Amamentando - primeira de muiiitas por vir
Aí sim ficava bom!
Ele quaaaase chegando!

Bem vindo direto pro colo dos pais!
Babando na cria

banho de balde, este chorinho foi no final, mas ele adorou!

Meu relato de parto


Depois de alguns dias pensando no que escrever, lembrando dos MUITOS relatos que já li, sentei para tentar colocar no papel um pouco dos momentos mágicos que passei nos últimos meses.

Começou com uma gravidez planejada, após 2 anos de casada, e há 8 no total com meu marido. Quando decidimos que seria hora de engravidar, achamos que demoraria alguns meses – que nada, foi em janeiro mesmo que 2 dias de atraso, e confirmada uma situação que a vida todo esperei viver!
A gravidez foi tranqüila, não tenho do que reclamar, me mantive ativa até –quase – o final, isso porque no finalzão não tem quem não se sinta “atolada” num simples sofá! rs
Desde o começo optamos por não saber o sexo antes do parto, e isso foi uma decisão maravilhosa, tornou o momento e a gestação toda ainda mais especial. Sentimos o bebê mexer com 14 semanas, uma sensação de borboletinhas na barriga, e daí pra frente ele não parou mais, sempre foi agitado, o que era uma delícia, exceto quando essa agitação eram seus pés mirando minhas costelas – isso dói! Mas já sinto saudades dos movimentos, minha barriga está tão “parada”... rs
A programação do parto domiciliar foi feita desde o primeiro parto da minha irmã, que eu tive o prazer de assistir, e meu marido – então namorado – estava na casa e presenciou toda a movimentação, a alegria e tranqüilidade do momento. Eu já tinha uma boa base para optar pelo PD, minha mãe sempre apoiou e eu nasci em casa, com minha avó e meu pai apenas. Mas vivenciar os partos da minha irmã (foram 3 domiciliares) foi definitivo para que meu marido me apoiasse 100%, aliás ele se tornou até radical no assunto, defendendo com unhas e dentes o assunto em qualquer discussão. Estava decidido, seria PD com o Dr. Jorge Kuhn, meu marido e minha mãe, eu não via outra forma de parir – tinha horror a ter que ir pro hospital!
Minha DPP era 21 de setembro, e estava tranqüila até demais com os preparativos do quarto, parei de ir pro trabalho (que fica um pouco longe, e era só entrar no carro que o baby se agitava – mais ainda, porque paradinho nunca ficou!) no final da 36ª semana. Fiz meu chá de bebê dia 28 de agosto, foi um dia mais agitado e, à noite, acordei com dores, achando que era azia, mas eram contrações, ainda as de Braxton, que eu já sentia há algumas semanas, só que tinham ritmo, eram mais fortes. Acordei o Alex - meu marido - e ele começou a contar, vinham a cada 2 minutos. Pensei que fosse entrar em trabalho de parto, o que me deixou chateadíssima, pois faltavam 3 dias para completar 37 semanas, e ainda era cedo demais! Ficou assim por cerca de 4 horas, até que foram parando e nada mais veio. Só alarme falso, ficamos felizes por saber que nosso bebê iria ter mais tempo e para amadurecer um pouco mais.
Por esse susto, ficamos achando que em breve viria, e por ter visto meus 2 sobrinhos chegarem de 37 semanas. E nada, nadinha mais mudou, o barrigão, que eu achava que já estava grande, ia ficando cada dia maior. Os 12 kg que ganhei até 37 semanas, se tornaram 16 kg com 40 semanas! Me sentia – e estava – enorme, e cada dia que eu acordava pensava: “Não foi hoje ainda”. Engraçado que a gente pensa que o TP só acontece de madrugada, depois eu passava o dia fazendo minhas coisas, trabalhando um pouco, deixando tudo em ordem.
Fui me preparando, tive tempo pra praticar o Epi-no, estava craque, já passava fácil dos 10 cm, ensaiei posições, a preferida era cócoras, mais confortável e fácil de expulsar – pelo menos com o balão eu me dei bem! Fomos ficando ansiosos, 38, 39, 40 semanas, e nadinha... Colocamos em prática o hot hot hot, mas por mais que estivesse tudo totalmente normal, confesso que fiquei um pouco ansiosa, com medo de dar alguma coisa errada e ter que induzir, fazer cesárea, sei lá, passa muita coisa na cabeça... mas eu mal tinha completado 40 semanas... nas consultas, o Jorge sempre tranqüilo, dizia que o bebê estava ótimo, encaixado e cada semana mais baixo. Eu saía mais tranqüila, mas ainda queria ter logo meu baby no colo!
Até que na noite de domingo, 26 de setembro, eu estava com dor na lombar, falei pro Alex que o bebê tava mexendo de um jeito diferente, me deitei de lado pra ele massagear e foi quando eu senti um “ploc” dentro de mim, olhei pra ele e só deu tempo de falar: “acho que estourou alguma coisa”, e aí começou a escorrer, a bolsa tinha rompido mesmo – eram 23h30min. Nessa hora passam várias coisas pela cabeça, um momento tão esperado chegou, nos olhamos e ele falou: “Rê, vai começar, que legal, daqui a pouco o bebê vai nascer!”
Fiquei sentada no vaso, e foi quando saiu o tampão. Ligamos pra nossa doula, Cris Balzano, que super tranqüila falou pra descansarmos e esperarmos, pois como eu não tinha contrações, poderia não ser hoje. Mas em alguns minutos começou, sem dúvida que era TP, não tem como confundir com as de Braxton, essas são pra valer! Logo minha mãe veio, fui arrumando o ninho, me concentrando e aprendendo a lidar com essas sensações novas que iria enfrentar nas próximas horas – doloridas e prazerosas ao mesmo tempo.
Meu TP foi rápido, desde o início as contrações eram a cada 3 minutos, um pouco irregulares, mas muito próximas. O Alex ligou de novo pra Cris, que logo veio pra casa. Me senti segura com a presença dela, e mais segura ainda com meu marido do meu lado, o tempo todo me apoiando e “sentindo” as contrações comigo. Minha mãe e minha irmã apoiando e me dando confiança o tempo todo – essa turma me fez acreditar em mim, principalmente quando “o bicho pegava” e a dor era pra valer!
A Cris me examinou e, para minha frustração, nada de dilatação, o colo estava fino, e ela disse que seria bom eu ir para um banho quente, pois as contrações estavam muito aceleradas. Fui buscando posição, a água quente é tudo na vida de uma mulher em TP! No chuveiro e depois na banheira, senti que de lá não queria sair mais!
Durante as contrações a Cris me dizia para imaginar o útero se abrindo e meu bebê vindo, isso se tornou como um mantra, elas vinham e eu expirava dizendo “abre”, repetindo e visualizando como uma flor se abrindo para o meu bebê chegar pra mim!
Já eram 5 da manhã (isso eu não sabia na hora, não queria ter noção do tempo, com medo de ser racional demais e ficar pensando que demorava) e pedi pra Cris fazer outro exame, onde vimos que estava com míseros 2 cm, sendo otimistas... ai, essa hora pensei, toda essa dor, tanto tempo, pra 2 cm!!! Ninguém merece, doía pra caramba, eu achando que ia estar dilatadíssima, e 2 cm! Foi triste, nessa hora pensava que ia virar outra noite se ficasse nesse ritmo. Que nada, vi amanhecer e logo já estava com 5 cm! Que alegria, pra mim foi muito bom saber a dilatação, era como um prêmio adiantado pelas contrações, sentia que estava valendo a dor.
Me lembro da voz da Cris Balzano quando eu reclamava que estava vindo outra contração forte, quando eu falei “mais uma”, e ela com sua voz suave e calmante disse “menos uma Rê, cada uma traz mais seu bebê pra perto”. Ai, como era bom ouvir isso! Quando eu pensava em desitir – pensamentos rápidos e bobos, não que eu fosse querer mesmo – mas a gente pensa mesmo, principalmente quando meu baby estabanado chutava durante as contrações – daí era demais, de 0 a 10, a dor era 20! Mas como uma montanha russa, quando você acha que não agüenta, ela já começa a baixar. Realmente, o negócio é aceitar a dor, se eu lutasse contra, ela triplicava, é um exercício você sentir essa dor intensa, e tentar ter algum prazer nela. Mas pra mim foi o que mais funcionou, a concentração e respiração tornam tudo muito mais fácil. Dava pra cochilar entre as contrações, até sonhava, e acordava com a onda de dor lá dentro, concentrava, respirava, achava que não ia dar conta, daí diminuía e lá ia eu cochilar de novo.
E assim fomos até umas 11 da manhã, quando já de volta à banheira mudou o tipo de dor, eu não queria mais saber de relaxar, vinha como uma onda e a vontade de fazer força vinha junto... e vinha uma vontade de evacuar, parecia que se eu fizesse força tudo ia melhorar – oba, eu tava na fase de transição, indo pro expulsivo!
Fiquei feliz da vida quando ouvi isso, eu não tinha noção da hora, mal comi durante o TP, mas não sentia fome, sede, nada, só queria me concentrar no meu corpo e na jornada, muito mais difícil do que a minha, que meu bebê estava passando lá dentro! A Cris achou estranho ter ido tão rápido de 5 cm pra expulsivo, e ligou pro Dr. Jorge vir. Daí pra frente o negócio só engrenou, ela dizia que se desse pra eu respirar e não fazer força seria melhor, mas foi aumentando e eu só pensava que ia acabar fazendo cocô na banheira... mas não saía nada, era só uma baita pressão no reto.
Fiquei cerca de 1 hora no expulsivo, o Alex estava dentro da banheira comigo, lembro do Jorge chegando, e tudo isso me deu uma sensação de que estava tudo pronto: cenário formado, idealizado tanto tempo, minha mãe filmando, minha irmã fotografando, o Alex me abraçando e me apoiando.
Mais algumas contrações e eu fui achando a posição ideal, foi sentada com as costas nas pernas do Alex, segurando os tornozelos tipo “borboleta” com as pernas dobradas. E dá-lhe tampão, o bebê estava super tampado, saiu tampão o tempo todo! Fazendo uma força danada, eu sentia uma baita pressão no ânus, isso incomodou, e por mais que eu soubesse que não ia sair pelo lugar errado, dá essa impressão mesmo!
Quando vinham as contrações eu fazia força, até que senti o tão famoso “círculo de fogo”, que faz justiça ao seu nome! Nada insuportável, aliás me lembro muito bem da sensação nos intervalos, eu estava totalmente lúcida e pensava feliz da vida que estava tudo certo, não sei se o expulsivo é realmente menos dolorido, ou se saber que você está na reta final torna tudo mais fácil. Sei que quando ele estava no canal, sentia descer até coroar durante a contração, e nos intervalos ele voltava. Não tem preço a lucidez e presença integral da sensibilidade nesse momento, pensei em algum dos intervalos como é que dá pra parir anestesiada! Assim foi a saída da cabecinha, que dor, que alívio, que ardor, que sensação gostosa sentir os cabelinhos na água... deu pra relaxar de verdade nesse intervalo, até que veio outra onda e senti cada pedacinho do corpo do meu bebê passando e chegando na minha mão, indo direto pro meu corpo, onde parece que fundiu tudo, meu bebê, meu corpo, e meu marido maravilhoso, tudo junto e misturado numa onda de hormônios tão intensa que seria injusto eu tentar mensurar. Parece egoísmo, mas só vivendo pra saber realmente... sentia o corpo do meu marido tremer de emoção, eu só olhava tudo e entendia o real significado do famoso “emponderamento” que tanto discutimos no GAMA e li em livros...
Estava me achando mesmo, sentindo uma plenitude única que não chorei (e olha que sou manteiga derretida pra tudo na vida, inclusive pra escrever esse relato!), só ria e me orgulhava de ter chegado a esse momento!
Ficamos ali alguns minutos, o cordão pulsando, mas confesso que meu corpo pulsava tanto, que quando toquei o cordão não senti se era eu ou ele que pulsava mais! Mas o Alex sentiu, era longo e espesso.
Ainda na banheira, de um tom vermelho que deixou tudo mais bonito, lembramos que ainda não tinha visto o sexo, e isso era tão indiferente na felicidade do momento! Chequei como eu queria, sem que ninguém tivesse me contado – um meninão! Realmente não tinha como dar nome de Bruno, como tínhamos planejado, aquele ser era tão “o Alex dentro de mim”, o resultado do nosso amor, que o nome ficou sendo Alexander!
Eu ainda estava na banheira quando chegou meu pai, que o tempo todo esteve no STAFF, e sentia ele por perto o tempo todo, do outro lado da porta... veio ainda meu irmão e minha prima. Ensaiamos uma mamada depois uns chorinhos e tosse, os dois aprendendo, meio desajeitados, mas valia a ligação, a sensação daquele corpinho viscoso, quente e escorregadio, maravilhosamente deitado no meu peito, com um cheirinho quente que nunca vou esquecer!
A placenta saiu depois, quando eu tinha ido pra cama, fácil fácil de expulsar – depois de tudo que tinha passado, ela molinha não dói nada! E eu na minha cama, na minha casa, tomei um banho gostoso, tudo com nosso cheirinho, acolhedor e íntimo.
E realmente uma sensação revigorante invade o corpo, como depois de uma prova física, você não se sente exausta, parece que tudo se revigora e pensei: começaria tudo de novo agora!
A pediatra Ana Paula já tinha chegado, logo depois que ele nasceu, cortamos o cordão, tudo certo com meu baby, pesado, avaliado... isso tudo do meu lado, na minha cama, sem tirarem ele de perto de mim.

Meu saldo final:
  1. Depois de cerca de 13 horas, chegou meu Alexander de Barros Santos Rehder, nascido às 12:26h do dia 27 de setembro de 2010, com 4 kg e 53 cm, moreno cabeludo e já chorando com pulmão de nadador como o do pai!
  2. Uma família unida, um amor e a certeza renovada do apoio incondicional do meu marido, da minha mãe e da minha irmã, sempre que me tocavam eu sentia que confiavam na minha força e sabiam que eu ia conseguir;
  3. Confiança reforçada no trabalho do dr. Jorge Kuhn, desde que o vi em ação (ou melhor, sempre um espectador da magia do parto) imaginei ele ao meu lado com sua tranqüilidade e passando uma energia única;
  4. Minha doula, Cris Balzano, que mais foi uma fada, sua profissão é um dom, saber o que e como falar, ou não falar nada, tornaram minha jornada mais tranqüila, quando eu pensava que não tinha força seu olhar e sua voz me devolviam a confiança necessária pra seguir nas contrações, uma de cada vez;
  5. Agradeço também a todas as mulheres que contribuem com seus relatos e imagens de parto, isso realmente me ajudou muito! Parir não é pra qualquer uma, sem preparo e determinação infelizmente a sedutora medicina moderna leva muitas mulheres para o caminho que parece mais fácil – a desnecesárea...

Pura propaganda enganosa, hoje me sinto inteira, renovada, e a única marca do meu parto, da chegada do meu filho no mundo, é uma “cicatriz” da memória destes momentos marcada como uma energia vibrante e viva na minha memória e no meu coração.